24/novembro/2006
Ricardo Villar: “Quero jogar a Bundesliga”
Ex-jogador juvenil do São Paulo, Ricardo Villar foi para os Estados Unidos com apenas 17 anos motivado a estudar com uma bolsa de estudos atlética que acabara de ganhar. Jogou na Liga Americana de Futebol pelo Pittsburgh Riverhounds. Em 2004, na Áustria, jogou no Salzburg, onde foi ídolo – salvando o time do rebaixamento. No ano seguinte, transferiu-se para o futebol coreano, onde jogou a K-League pelo Chunnam Dragons. Neste ano, Ricardo está atuando pelo Kaiserslautern, na segunda divisão da Alemanha.
Ricardo acredita que o Brasil não tem condições de sediar uma Copa do Mundo. Meio-campista de origem e fã de outro meia, Juninho Pernambucano, Villar fez um dos gols da vitória de sua equipe contra o Liverpool, num torneio preparatório no início da temporada.
Além de jogador, Ricardo também é empresário. Dono da 2SV Sports Management, ele pretende abrir oportunidades para jovens valores brasileiros ingressarem nas universidades americanas, com bolsas de estudos.
Com quantos anos você saiu do São Paulo? O que te motivou a sair tão cedo do Brasil?
Saí do Brasil com 17 anos, após término do terceiro colegial. Apareceu uma oportunidade de seguir estudando com uma bolsa de estudos atlética (futebol) em umas das maiores faculdades dos EUA (Penn State University), e não pensei duas vezes.
Qual o seu currículo após a saída do São Paulo? Por onde você passou?
Me formei engenheiro de produção em Penn State University, em dezembro de 2001. Durante meus quatro anos universitários, competi na liga da NCAA como capitão de nossa equipe e me destaquei, sendo selecionado All-American. Joguei profissional nos EUA até 2003, onde também me destaquei. Resolvi passar para o próximo degrau a ser conquistado. Em 2004, joguei na Bundesliga austríaca, no Salzburg. Em 2005, na K-League, defendi o Chunnam Dragons, onde sofri algumas contusões. Em 2006, assinei com o Kaiserslautern, na Alemanha.
Qual foi o valor da sua negociação, quando você saiu dos Estados Unidos para ir pra Áustria? Boatos dizem que, na época, foi uma das maiores transferências de um jogador do futebol americano para a Europa.
Boatos continuarão sendo boatos. Antes de ir pra Áustria, trabalhei em Pittsburgh, e jogava num time da A-League (Pittsburgh Riverhounds) – liga por onde passou Romário, neste ano. Acabei sendo selecionado pro All A-League Team no final do ano e resolvi então ir para Europa, atrás de um sonho esquecido de criança. Após alguns testes durante quatro meses, consegui encontrar uma bela situação em Salzburg, Áustria, contratado como free transfer.
Em qual país que você teve mais dificuldades em se habituar, devido aos costumes e cultura local?
Coréia do Sul. O futebol lá é sem cautela e a 100km por hora. É um povo muito metódico, com costumes muito diferentes. Digamos que foi uma experiência válida.
Como foi marcar um gol no goleiro Dudek, do Liverpool? Como foi esse jogo?
Foi um jogo transmitido pela Eurosport Live, para toda Europa. Era um torneio de preparação sem muita importância, que vencemos por 3 a 2. Eu pude contribuir com o primeiro gol, num chute da enrada da área, passando à direita de Dudek.
Como foi sua adaptação na Europa? Teve muita dificuldade com línguas?
Adoro o estilo europeu e a diversidade cultural. Passei a melhor época da minha vida aqui nesse verão com a torcida “Os 13”, durante a Copa. Falo alemão e inglês, apenas coreano não deu para aprender.
Se voltasse ao Brasil, em que time gostaria de jogar?
Difícil dizer. Creio que o São Paulo, por sua tradição, estrutura e localização.
Qual seu principal objetivo na carreira?
Me desafiar ao máximo, sempre. No momento, procuro encontrar um espaço na Bundesliga.
Na Áustria, você foi ídolo e salvou a equipe do rebaixamento. Como foi esse momento?
Em Salzburgo, estava indo tudo ótimo. Dirigentes me levaram pra dar entrada no passaporte austríaco, para poder jogar na seleção. Porém, o time acabou ficando muito dividido, com os austríacos mais velhos se sentindo acuados e fora da equipe de uma certa forma, no banco. Logo, veio a Red Bull e comprou o clube. Da noite pro dia, tudo mudou, e acabamos nós estrangeiros indo embora. Uma pena.
Em que jogador você se inspira?
Eu apreciei muito o futebol de Zidane. Hoje em dia, tenho que dizer que o Juninho, do Lyon, é um exemplo pra todos nós brasileiros pela forma que conquistou o futebol francês. Além disso, é um grande jogador, que joga fácil e com inteligência. Não vamos nem tocar no assunto ‘falta’, porque ninguém entende o que ele faz… Nem ele.
Qual foi o melhor jogador com quem você teve oportunidade de jogar?
Schweinsteiger, do Bayern de Munique.
Quem foi o jogador mais conhecido do torcedor brasileiro que você enfrentou?
Diego, do Werder Bremen. Ele está jogando muito!
Na Europa, a segurança, os estádios, os torcedores são esse mar de rosas que todos pintam aqui no Brasil? Ou tem tantos problemas como por aqui?
Nem se compara. O Brasil não está pronto para receber uma Copa do Mundo.
Como os brasileiros são vistos pelos torcedores e jogadores europeus?
Existe inveja, porém é possível de conquistar o respeito com seu trabalho e personalidade.
Quando o São Paulo foi campeão Mundial, vencendo uma potência do futebol como o Liverpool, como foi a repercussão na Europa?
Claro que a mídia divulgou, porém eles aqui não dão tanta importância como nós. Para eles, a Liga dos Campeões é o auge.
Fale um pouco mais da 2SV Sports Management, da qual você é o presidente.
A 2SV Sports Management é uma empresa voltada ao intercâmbio esportivo entre o Brasil e o resto do mundo. Um de nossos projetos chama-se International Scouting Event. Por meio dele, conseguimos abrir portas para atletas adolescentes brasileiros conquistarem bolsa de estudos nas maiores universidades americanas.